Tutorial 07 | Como verificar a velocidade de rotação do toca-discos

Para a sétima matéria da seção de Tutoriais, escolhi mais um tema recorrente nos fóruns, grupos e também nas dúvidas recebidas na nossa fanpage e email: como verificar a velocidade de rotação toca-discos?
Muitos colecionadores notam que em algumas situações ou quando estão ouvindo determinado vinil, a velocidade da música parece estar ou muito lenta ou rápida demais. Isso ocorre possivelmente porque a rotação do toca-discos está fora do normal e nesse post iremos mostrar alguns possíveis problemas e também algumas soluções para regular a velocidade.



Esse assunto já foi tema em nossos posts, mas resolvi acrescentar mais algumas informações, mas antes de explanar acerca do assunto, é importante fazer algumas considerações:
  • Lembro que os métodos são apenas sugestões, assim a escolha por esses segue por sua responsabilidade. O site não se responsabiliza por qualquer dano material ocasionado pela aplicação incorreta das instruções e procedimentos.
  • É importante lembrar que o método descrito serve apenas para corrigir problemas simples, se você, por ventura, não tem conhecimento para mexer no toca-discos, contate uma assistência técnica..
  • É importante salientar que não sou audiófilo, nem engenheiro de som, por isso o que você vai encontrar aqui é um resumo do que eu encontrei na web e conversei com colecionadores e vendedores de vinil, além é claro, da minha própria experiência.
  • Esta página está em constante atualização, por isso se você tiver dúvidas ou sugestões, mande um email ou deixe um comentário.

1) Velocidades dos toca-discos
Para iniciar vamos voltar um pouco nas partes que compõe um toca-discos para entender quais as partes e acessórios são relevantes para ajustar a velocidade de rotação.
As velocidades de rotação do prato podem ser de 16, 33 e 1/3, 45 ou 78 rpm, dependendo do modelo do toca-discos e do vinil que será tocado.
No auge do vinil vários fabricantes colocaram no mercado muitos modelos de toca-discos, alguns bem simples sem recursos e outros muito sofisticados, com variados recursos para audição de alta fidelidade, tais como ajuste fino da velocidade por meio de marcação estroboscópica, braços precisos, leves, com vários ajustes e equipados com cápsulas de excelente qualidade.


Prato e motor
O prato tem a função de acomodar e girar o disco de vinil no sentido horário e na rotação em que foi gravado, para que o conjunto braço/cápsula/agulha possa trilhá-lo e ler as informações sonoras nele armazenadas. Aparentemente é algo simples de ser feito, mas o tipo de tração utilizado é muito importante para que a rotação seja correta e constante, além do que esse mecanismo deve ser o mais silencioso possível, pois a cápsula capta não só as vibrações dos sulcos do vinil, como também as vibrações do conjunto prato e motor.


2) Tipos de tração
Existem três sistemas de tração que fazem o prato girar: por polia, correia ou acionamento direto.

Polia (Idler-wheel)
O sistema de polia consiste basicamente de uma polia de borracha ligada ao eixo do motor, que em contato com o prato o faz girar. É um sistema barato mas que pode ocasionar ruídos perceptíveis na audição (rumble). Desse modo é muito utilizado em toca discos mais simples e baratos ou nos mais antigos. No entanto, há aparelhos cuja construção reduz muito esse ruído, como os Garrard 401, muito usados profissionalmente a partir do final da década de 1960. Atualmente um aparelho de referência que usa esse sistema é o Garrard 501.

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Correia (Belt-drive)
Utiliza uma correia de borracha que abraça o eixo do motor e o prato. É um sistema normalmente muito silencioso, preferido por muitos audiófilos em toca-discos High End, especialmente pelo fato de este sistema de tração transmitir menos emissões eletromagnéticas que possam ser captadas pela cápsula fono captadora.

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Tração Direta (Direct-drive)
Nesse caso o próprio eixo do motor é o eixo do prato. É considerado o melhor de todos pelos DJs, devido ao alto torque que esse sistema proporciona, porém é o mais caro e o mais difícil de ser construído, pois utiliza motor mais elaborado e circuitos eletrônicos para regular a rotação do prato. Algumas cápsulas fono captadoras podem eventualmente captar algum ruído (conhecido como "hum", normalmente de 50Hz ou 60Hz) proveniente das emissões eletromagnéticas desse sistema.

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3) Estroboscópio
Em alguns modelos de toca-discos o sistema estroboscópico indica que a rotação do está correta. Quando iluminado por uma luz em certa frequência de 50 ou 60 hertz, as bolinhas que compõe o discos ficam aparentemente estacionárias. Isso é possível através de uma faixa de pontos ou marcações em torno de suas bordas ou sobre os mesmos, iluminada por uma lâmpada néon ou um led que emite luz através de pulsos controlados por um circuito especial. Quando a velocidade do prato estiver ajustada corretamente em 33 e 1/3, por exemplo, os pontos parecem estacionados.



O “pitch control” auxilia na calibragem da velocidade do prato em relação ao controle de velocidade nas três diferentes velocidades. 
Alguns modelos de toca-discos, principalmente os belt-drive, possuem essa função para auxiliar o DJ a ajustar a velocidade de rotação na hora de fazer a passagem de um vinil para o outro, para que o dois entrem em perfeita sintonia.


Se o seu toca-discos não tem marcações estroboscópicas no prato, existem duas formas de medir se a velocidade de rotação está correta: uma é através de um disco estroboscópico profissonal ou impresso. A outra é através de aplicativos gratuitos como "RPM Calculator" ou "RPM Speed & Wow", como veremos a seguir.

Disco estroboscópico profissional
Já comentamos sobre o disco estroboscópico em Acessórios para toca-discos e sistemas de áudio analógico, mas no post de hoje ele ganha ainda mais importância e por isso vamos repetir alguns conceitos.
O Disco estroboscópico é um vinil usado para medir se a velocidade de reprodução do toca-discos está correta. Essa medição é feita de forma visual com o uso de uma luz estroboscópica.
A maioria dos kits vem com o disco estroboscópico com divisão para 50 ou 60 Hz de PVC flexível e durável e uma luz estroboscópica de mão pequena. O disco é capaz de verificar as velocidades de 33 1/3, 45 e 78 rpm.
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Para isso, basta acionar o toca-discos na velocidade desejada com o disco estroboscópico no prato, apontar a luz estroboscópica no disco para que o número da velocidade real salte visualmente e seja possível fazer uma medição precisa.
Não chega ser um acessório imprescindível, mas é muito importante para alguns colecionadores mais preciosistas e para toca-discos hi-end. 


Disco estroboscópico de teste
Se você que não quer gastar na compra de um disco estroboscópico profissional, que realmente não é tão barato, temos a opção de imprimir um a custo zero. Logicamente que ele não é extremamente preciso, mas já dá para ter uma noção da velocidade de rotação.




Para usar esse método de medição siga as seguintes instruções:
1) Clique para abrir modelo 1 ou modelo 2 e salve em seu computador;
2) Coloque em um A4 e imprima; 
3) Depois recorte na parte indicada e faça um furo no centro;
4) Coloque-o no toca-disco e ilumine-o com uma lâmpada incandescente ligada em uma rede de 60 Hz.



5) Acione o aparelho e observe em um ponto fixo no disco sobre a faixa equivalente a rotação desejada, se os marcadores dão a impressão de estarem parados. Caso contrário observe o sentido, se estiver anti-horário, acelere a rotação do motor até equalizar, proceda de forma inversa para desacelerar. 

Você pode baixar discos estroboscópicos disponíveis no site Vinyl Engine, basta acessar esse link, fazer um cadastro no fórum e baixar o PDF desejado. Não inserimos os links dos PDFs aqui por se tratar de um conteúdo externo e por não termos autorização para isso, mas é super simples fazer o cadastro e baixar o disco.

Aplicativos de celular
Além dos modos manuais, temos um método mais fácil de fazer essa medição que é através de aplicativos. Recomendamos e testamos o "RPM Speed & Wow" ou "RPM Calculator".
1) Baixe o aplicativo no seu celular;


2) Posicione o celular na prato o mais próximo do centro o possível;
3) Acione o toca-discos na velocidade desejada 33 e 1/3, 45 ou 78 rpm;
4) Deixe o aplicativo fazer a medição.
5) Na de 33 rpm o valor médio correto fica entre 33,3 e 33,6, no de 45 rpm entre 45,0 a 45,3 e 78 rpm entre 78,0 a 78,3.


É bom lembra que a questão da medição pelo aplicativo tem que levar em consideração o peso do celular e a leveza do prato.
Muitas vezes o prato é feito de plástico ou alumínio bem leve e o peso do celular faz com que a rotação seja mais lenta, então até 32,5 ainda é tolerável.
Na real o melhor teste é a sonoridade do disco, você pode tocar uma mesma música no celular e no toca-discos, se a do vinil estiver num tempo diferente, significa que a rotação está lenta.

5) Problemas com a velocidade de rotação e possíveis soluções
Checagem mecânica
Uma checagem mecânica geral do sistema base/motor/prato do toca-discos é essencial para garantir uma rotação constante e silenciosa. Um motor barulhento transfere o ruído em forma de vibrações tanto para a base quanto para o prato e, consequentemente durante a audição, para o conjunto cápsula/agulha. A lubrificação do motor é algo simples, mas que deve ser feito com o tipo de lubrificante indicado pelo fabricante do toca-discos. A mesma coisa deve ser seguida em relação ao eixo central do prato, que deve girar livremente e com baixíssima fricção.

Problemas com a polia ou correia
Se toca-discos por acionamento de polia de borracha ou correia, ambas devem estar limpas, desengorduradas e sem folga. Uma correia folgada com borracha ressecada ou rachada, pode patinar e trazer oscilações de velocidade. Uma boa reprodução sonora depende da velocidade estar o mais estável possível.


Uma polia gasta ou com muita lubrificação pode também ocasionar variações na velocidade. Por isso na hora de lubrificar o motor tome cuidado para não colocar lubrificante demais e vazar para a polia ou correia.
Em alguns casos a polia também pode estar com problemas na hora de trocar as velocidades, saindo do lugar e pulando erroneamente de uma velocidade para outra. 


Nesses casos, recomenda-se a substituição da peças e para isso, você pode tentar adquirir por sites de venda e fazer a troca sozinho ou levar numa assistência técnica.

Problema com o motor
O ajuste do motor vai depender exclusivamente do modelo do toca-discos.
Em alguns modelos mais recentes e de melhor qualidade, existe um potenciômetro miniatura ajustável do motor (trimpot) que fica em local visível e de fácil acesso ou atrás do motor
Se estiver num local de fácil acesso, provavelmente, você não irá precisar abrir e/ou desmontar para fazer esse ajuste. 
Agora, existem  modelos com o orifício na parte de traz do motor que normalmente vem lacrada com um selo para evitar a entrada de poeira. Nesse caso você vai ter que abrir e desmontar algumas partes do toca-discos para chegar ao motor, retirar o selo e com uma chave de fenda de relojoeiro, efetuar o ajuste. 
De qualquer maneira o ajuste é manual e exige um pouco de perícia e paciência. Com uma chave de fenda de relojoeiro você consegue ajustar o potenciômetro, apertando ou afrouxando o parafuso até encontrar a velocidade ideal de rotação.


Alguns modelos ainda não vem com nenhum orifício pois a velocidade é controlada pela placa. 
Em qualquer um dos casos se você não tiver familiaridade com eletrônica é melhor levar numa assistência para substituição e ajuste.

6) Problemas de rotação nas vitrolas e maletas "vinyl killers"
Como já alertamos na matéria sobre "Destruidores de vinil: toca-discos que detonam os vinis", a maioria das vitrolas ou maletas possui peças de qualidade muito inferior: prato, braço, motor e parte mecânica feita de plástico, além da utilização de cápsula de cerâmica de baixa qualidade, muito usada em alguns toca-discos da década de 1970 e 1980.


A maioria possui fabricação chinesa e o que muda entre as várias marcas e modelos são os "adereços": retorno automático, pré e/ou amplificador embutido, caixas acústicas ou alto-falantes incluídos, usb, mp3, radio, cores diversas e tamanhos diferentes, incluindo as portáteis. Porém, a grande maioria não possui peças primordiais como contra-peso e regulagem de anti-skating.


Nesse caso não estranhe se rotação estiver muito baixa, o motor com toda certeza é o problema, pois além da má-qualidade das peças e do som, a maioria desses toca-discos não possui um motor forte para suportar o peso de um vinil 180g ou mesmo os mais leves. Muitas vezes, ouço relatos de colecionadores dizendo que uma faixa do vinil apresenta rotação mais baixa e as outras estão "normais". Com certeza isso é um conjunto de motor de baixa potência, peso excessivo da agulha sobre o vinil e falta de acessórios fundamentais.
O recomendado é fazer uma tentativa de trocar o motor da vitrola, porém, não garantimos, não testamos e não recomendamos esse procedimento. O mais certo, na verdade, é trocar por um toca-discos de melhor qualidade usado ou novo, quando for possível.

7) Conclusão
Sempre fica aquela dúvida de qual melhor método usar o manual através do disco estroboscópico ou pelo aplicativo. Testamos os dois métodos e ambos são eficientes, mas sem dúvida o do aplicativo é muita mais fácil e rápido para fazer o ajuste. 
Agora, para os mais preciosistas o método manual também funciona, mas exige, como eu disse anteriormente, muita precisão e paciência.

Envie suas dúvidas ou sugestões sobre esse tutorial pelo nosso email <devoltaparaovinil@gmail.com> ou pelas nossas redes sociais Facebook ou Instagram.

Fontes